Case: Projeto SegD’Boa – Carnaval sob vigilância

Vila Madalena utiliza câmeras de moradores e comerciantes para monitorar o Carnaval de rua e conter vandalismos, brigas, assaltos e tráfico de drogas. Câmeras doadas também fizeram parte do projeto que vai continua funcionando mesmo depois das festas

Foto: Leon Rodrigues/ SECOM (14/02/2015)

O famoso Carnaval de rua que acontece no bairro Vila Madalena, em São Paulo, começou há alguns anos e contava com a participação de aproximadamente 50 mil pessoas todos os anos. O evento cresceu, e em 2017 registrou a passagem de mais de 100 blocos e 250 mil pessoas na região de Pinheiros. Com tanta concentração de pessoas, o risco de roubos, brigas e irregularidades aumentou consideravelmente. Diante desse cenário, a Associação de Moradores de Pinheiros se uniu ao setor público e privado para reforçar a segurança no bairro durante as festas.

Dessa união, nasceu há três anos a SegD’Boa, empresa querealiza monitoramento de ruas e avenidas por meio de câmeras dos próprios moradores, comerciantes e companhias da região que cedem as imagens para o projeto, além de câmeras doadas por grandes empresas de segurança para serem usadas durante o Carnaval.

Neste ano, a operação contou com 20 câmeras, sendo que 12 O foram doadas pela Dahua Technology, principal fabricante chinesa de soluções de segurança. São câmeras IP, no modelo Speed Dome e Bullet, que possuem um poderoso zoom óptico de 30x que permite ver com nitidez detalhes dos rostos das pessoas e possíveis tumultos, durante o dia e na escuridão.

“As Speed Domes ajudam muito na identificação das pessoas e na operação de dispersão dos foliões. A Polícia Militar
pode tomar ações precisas baseadas nas informações ao vivo de cada local monitorado”, explica o Consultor de Tecnologia do projeto SegD’Boa, Roberto Rocha.

As imagens capturadas pelas câmeras durante o Carnaval foram monitoras através de um container posicionado entre as ruas Mourato Coelho e Inácio Pereira, que serviu como central de vigilância. As imagens ao vivo e gravadas foram compartilhadas com a Polícia Militar, Guarda Civil, Defesa Civil, CET (Companhia de Engenharia de Trafego), Prefeitura Regional de Pinheiros e moradores do bairro.

   

“As câmeras são sociais, os moradores e comerciantes cedem para o container. Eles compraram os equipamentos,
colocaram energia, internet e disponibilizaram para o projeto, que disponibiliza para o Estado; seja para CET ver o trânsito, para a PM ver a área de segurança, para a GCM fazer a segurança local e para a fiscalização, cada um tem um tipo de preocupação e todos utilizam a mesma câmera. É a democratização da imagem”, explica Roberto.

Os pontos de concentração de câmeras foram nas ruas Mourato Coelho, Rua Aspicuelta, Rua Fradique Coutinho, Rua Belmiro Braga, Rua Wisard e Rua Inácio Pereira, locais onde a população se concentra nos bares tradicionais do bairro Vila Madalena. Além delas, lugares como Avenida Nova Faria Lima e Largo da Batata também foram monitorados.

“Estes locais foram escolhidos levando em consideração a quantidade de pessoas em horário de pico e, principalmente, no momento de orientação deste público ao melhor deslocamento para alcançarem a Estação do Metrô mais próxima”, diz Rocha.

O produtor Victor Varella esteve presente nos blocos de Carnaval desse ano na Vila e achou a iniciativa ótima. “Eu
acho totalmente válido qualquer tipo de ação que possa impedir assaltos, brigas e badernas, e aumentar a segurança
nos blocos“.

Durante os três anos de atuação do projeto, já foram detectados tráfico de drogas, brigas, roubos, problemas de trânsito, pessoas que precisam de atendimento do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), entre outras situações.

Para a Presidente da AMEPI (Associação de Moradores e Empresários de Pinheiros), Ana Maria Mortari, a situação do bairro melhorou muito. “Até 2014, o Carnaval estava transformando a Vila Madalena em um caos para os moradores e empresários da região, havia muita queixa e confusão. Esse é o terceiro ano que a gente faz o projeto SegD’Boa e de lá para cá estamos melhorando a cada ano. As câmeras inibem uma série de vandalismo, assaltos, badernas, depredações, elas têm ajudado a PM a verificar a região e evitar tráfico de drogas, brigas e roubos”, conta.

O projeto continua

Segundo Ana Mortari, os moradores e empresários gostaram tanto do monitoramento, que estão procurando a Associação para manter as câmeras da Dahua em suas casas e comércios; e outros membros da comunidade de Perdizes já solicitaram a instalação dos equipamentos em suas residências e estabelecimentos.

“Com a permanência do monitoramento podemos vigiar diversos pontos da cidade, teremos câmeras em cruzamentos importantes, lugares que podem haver inundações, riscos de acidentes e assaltos, qualquer coisa que acontecer as câmeras vão passar em tempo real para a PM e para a CET, que podem realizar um atendimento imediato. Está sendo muito positiva para a gente e vamos continuar dando esse apoio para a comunidade”, disse Mortari.

A Associação de Moradores e a SegD’Boa tem o papel de fazer a conexão dos moradores com os órgãos públicos. Os
moradores pagam para a Associação uma manutenção mínima para manterem o sistema funcionando, qualquer problema ou roubo nas câmeras, a SegD’Boa realiza a manutenção ou troca dos equipamentos.

“A SegD’Boa se tornou uma empresa que trabalha somente com as Associações de Moradores. Ela nasceu na Vila Madalena para dar suporte para o Carnaval, e hoje já está presente em outros bairros, como no Brooklin para o Brooklin Fest e no Planalto Paulista para combater o alto índice de prostituição na região. O trabalho social é que está por trás de tudo isso. Temos a tecnologia, mas para fazer segurança para a sociedade”, conta Roberto.

Segundo Rocha, esse ano eles irão expandir para novos bairros e cidades de São Paulo.

Tecnologia e parceiros

Para realizar o projeto, tanto na Vila Madalena como em outros bairros, a SegD’Boa faz parcerias com grandes empresas do mercado de segurança, como Dahua, Digifort e AlphaDigi.

   

“O Digifort participa desde o início no projeto por acreditar que esta iniciativa traz grandes frutos para a população. Mais segurança, agilidade na identificação dos eventos, redução de vandalismos e outros benefícios. Este projeto tem todas as possibilidades de se expandir para qualquer cidade de São Paulo e o grande benefício é que, seja onde for instalado, suas imagens poderão estar sendo monitoradas pela PM paulista através do Detecta, cujo sistema já está totalmente integrado com o Digifort. Além das imagens, o projeto SegD’Boa contempla também a leitura de placas de automóveis, tudo gerenciado por nosso software, cujas placas são passadas automaticamente para o sistema Radar da PM onde as restrições são analisadas. Além da parte técnica do projeto, enfatizamos ainda o baixo custo da implantação e manutenção do sistema, porém com excelente qualidade nas imagens, graças a grande parceria entre os fabricantes envolvidos, permitindo assim uma expansão rápida do projeto para outras localidades”, explica Carlos Eduardo Bonilha, CEO do Digifort.

A Dahua participa fornecendo câmeras com tecnologia avançada, zoom óptico e sistema de busca automática. “Com
a tecnologia adotada no Carnaval, foi possível não apenas acompanhar a multidão em tempo real, mas também aproximar as imagens e seguir suspeitos, pois as câmeras da Dahua contam com recurso de auto-tracking”, afirma Bruce Wu, Diretor Geral da Dahua Technology Brasil.

Outro grande parceiro é a distribuidora AlphaDigi, que auxilia na elaboração dos projetos. “Nosso papel é definir os produtos, a melhor forma de executar, as especificações e até mesmo a implementação do projeto. É um trabalho da parte técnica apoiando os integradores nos diversos planos. Vejo essa parceria da comunidade com as empresas de tecnologia como uma das soluções mais importantes, porque todo mundo se movimenta para resolver um problema que existe no bairro, todo mundo está entendendo a tecnologia e está começando a se viabilizar. É o início de um grande movimento, o futuro vai ser esse, todos se ajudando para que a gente tenha como objetivo final a segurança”, disse Sérgio Menke Coimbra, Diretor da AlphaDigi.

Além dessas tecnologias, foi utilizado o sistema de contagem de pessoas, carros e motos, e o sistema VPN, rede virtual privada dentro da Polícia Militar que permite a SegD’Boa falar diretamente com a PM sem passar por nenhuma instituição pública.

Também foi testado esse ano – como plano piloto – o recurso de leitura de face. O recurso está sendo avaliado e será disponibilizado no Carnaval de 2018, como parte do projeto de segurança.

A SegD’Boa também contou com a parceria das empresas Advantech, All Tech, BRF, DMA, Gazeta de Pinheiros, INADEM, Izakaya, Stamp Já, SISCOMSEG e Torus.

Jovem aprendiz

Para expandir o projeto para outros bairros e cidades, a SegD’Boa criou o programa Jovem Aprendiz, que tem como
objetivo formar jovens empreendedores que queiram trabalhar em conjunto com a associação de moradores do seu bairro ou cidade, mas com um conceito social.

A primeira turma do Jovem Aprendiz será formada em abril. Eles receberão treinamento na Dahua e no Digifort para conhecer os produtos e serviços dos parceiros e para entender a visão da SegD’Boa.

“Estamos formando jovens aprendizes microempreendedores, ensinando a instalar as câmeras e mexer no sistema,
mas tudo isso na visão social”, esclarece Roberto Rocha.

Os jovens irão instalar os equipamentos nas associações e realizar a manutenção quando for necessário, mas os preços cobrados para as comunidades são inferiores aos praticados no mercado, pois o foco do projeto é ajudar a sociedade civil.

“Com o trabalho conjunto entre a sociedade organizada, poder público e iniciativa privada, fica melhor e mais fácil
atingir os objetivos comuns. A zeladoria e a segurança são desejadas por todos”, finaliza Roberto.

Crédito Foto Destaque: Luiz Guadagnoli/ Secom/ PMSP (07/02/2015)

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